No universo da saúde feminina, a informação é a nossa maior aliada. No entanto, com tantas opiniões vindas de amigas, familiares e, principalmente, da internet, fica difícil separar o que é fato do que é ficção. Mitos sobre saúde ginecológica podem levar a práticas inadequadas e até mesmo prejudiciais.
Desmistificar esses assuntos não é apenas uma questão de curiosidade, mas um passo fundamental para o autoconhecimento e o cuidado preventivo. Vamos esclarecer de uma vez por todas as dúvidas mais comuns sobre a saúde íntima.
Mitos Populares vs. A Verdade Ginecológica
MITO 1: Duchas vaginais são necessárias para uma boa limpeza.
VERDADE: Este é um dos mitos mais perigosos. A vagina é autolimpante. Ela possui um ecossistema delicado, a flora vaginal, composto por bactérias “boas” que mantêm o pH ácido e protegem contra infecções. As duchas vaginais destroem essa barreira de proteção natural, deixando a região vulnerável a fungos e bactérias, e podem aumentar o risco de candidíase, vaginose bacteriana e outras infecções. A higiene deve ser feita apenas na parte externa (vulva), com água e sabonete neutro ou específico.
MITO 2: Pílulas anticoncepcionais causam infertilidade a longo prazo.
VERDADE: Não há evidências científicas que comprovem essa afirmação. Os contraceptivos hormonais funcionam suspendendo a ovulação temporariamente. Assim que a mulher para de tomar a pílula, a tendência é que seu ciclo ovulatório retorne ao normal. A dificuldade de engravidar após o uso do contraceptivo geralmente está ligada a condições que já existiam antes, mas que estavam “mascaradas” pelo uso do hormônio.
MITO 3: É normal sentir dor durante a relação sexual.
VERDADE: Dor não é normal. Embora um leve desconforto possa ocorrer em algumas situações, a dor persistente durante ou após a relação (dispareunia) é um sinal de alerta. Ela pode indicar falta de lubrificação, mas também pode ser sintoma de condições como endometriose, infecções, miomas ou vaginismo. É fundamental conversar com seu ginecologista sobre qualquer dor.
MITO 4: Se não tenho sintomas, não preciso fazer o exame Papanicolau.
VERDADE: Absolutamente falso. O Papanicolau é um exame preventivo, e seu maior objetivo é detectar alterações nas células do colo do útero muito antes de se tornarem um câncer. O HPV, principal causador desse tipo de câncer, é frequentemente assintomático. Seguir a recomendação do seu médico sobre a periodicidade do exame é crucial para a prevenção.
MITO 5: Uma vagina saudável não tem cheiro nenhum.
VERDADE: A vagina tem um odor característico e suave, que pode variar levemente durante o ciclo menstrual. A ausência total de cheiro é um mito. O que deve servir de alerta é um odor forte, desagradável ou “de peixe”, que geralmente indica um desequilíbrio na flora vaginal ou uma infecção e deve ser investigado por um médico.
MITO 6: Só preciso ir ao ginecologista depois da primeira relação sexual.
VERDADE: A consulta ginecológica vai muito além da vida sexual. Recomenda-se que a primeira visita ocorra na adolescência, após a primeira menstruação. É uma oportunidade para tirar dúvidas sobre o ciclo menstrual, cólicas, vacina contra o HPV, métodos contraceptivos e receber orientações gerais sobre saúde e bem-estar.
O Caminho Para a Saúde Íntima: Cuidados que São Verdadeiros Aliados
Agora que desvendamos os mitos, vamos reforçar as verdades sobre os cuidados que realmente importam:
- Higiene Externa e Suave: Lembre-se, a limpeza é apenas por fora. Use sabonetes neutros e evite produtos com perfume.
- Prefira Calcinhas de Algodão: Elas permitem que a pele respire, evitando o abafamento que favorece a proliferação de fungos.
- Evite Roupas Apertadas: Peças justas e de tecido sintético retêm calor e umidade, criando um ambiente ideal para infecções.
- Consulte um Ginecologista Regularmente: A prevenção é sempre o melhor remédio. Mantenha seus exames em dia e converse abertamente com seu médico sobre qualquer dúvida ou sintoma.
Lembre-se: A informação correta empodera. Ao conhecer seu corpo e separar mitos de verdades, você se torna a principal agente da sua própria saúde. Em caso de dúvida, a palavra final deve ser sempre a do seu ginecologista de confiança.

